terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Casca grossa
Isso sim é cultura!
A matéria andante, gradualmente, se aproximava do destino. Entrando na estrutura cavernosa de barro e madeira, soltou um fragor feroz, despondo-se dos panos velhos:
- Ô menina, vai preparar um café pro seu pai. Não se demore.
Uma fêmea descarnada, de olhar perdido e curioso, de afeições anêmicas, se apresentou na sala. (que desempenhava, também, o papel de quarto. Dos quatro cômodos, um.)
Dispunha de um tecido cilíndrico, de peça única, que servia para tampar todas as vergonhas, parcimoniosamente.
Isso sim é racionamento!
A mocinha, feia, da cor da terra, piou, em uma voz frágil, ainda que humilhante, como se cobrasse algo do pai:
- Tem café não.
O homem, cansado, sentou-se ao chão e cuspiu um olhar de censura, continuando a livrar os pés, cheios de bolhas, do couro cáustico das botinas. A cunhãzinha se abateu e foi para a cozinha, se adestrar no trabalho que lhe seria comum ao resto da vida.
Isso sim é psicologia!
A mãe, que era vaidosa, passou, ágil, pelo cômodo, dispersando gotículas de água de cheiro. Carcomento-se de ódio, o marido perguntou:
- Onde você vai?
- No armazém.
- E precisa dessa arrumação toda?
- Ara... Eu que não ia sair de casa toda fedida.
- Você não vai a lugar nenhum.
- O quê?
- Você não vai a lugar nenhum. Tá me ouvindo? A senhora não tem nada o que fazer no armazém.
A menina torta surgiu outra vez e intrometeu-se:
- Precisa sim, pai. Falta jabá, café, arroz...
O pai murmurou consigo:
- Ô menina burra...
O homem meteu-lhe um tapa vigoroso. A menina, desastrada, voou ao chão, de rosto inchado, marcado pela mão rude do pai. Chorando, recolheu-se ao quintal de argila, que cultivavam de trás da casa. O marido mandou a mulher para o quarto. A broaca obedeceu. Já cogitando a intenção de pular a janela e seguir ao armazém. (Que armazém?)
Por um instante, o varão olhou para o chão, como em uma lástima. Mas elevou a fronte rapidamente. Chamou a menina.
- Cadê sua vó?
- Tá lá fora, batendo manteiga.
- Chama ela pra mim.
Entrou na casa uma senhora lenta, encanecida e enrugada, fatigada da vida.
Espremeu um som de fastio:
- Que é, castigo?
- Mãe, vá lá comprar jabá e fumo no armazém.
Disse, estendendo um molho de notas trigueiras. A velha apanhou as notas e retorquiu:
- Eu não criei menino pra me dar ordem nenhuma.
Ainda assim, seguiu ao comércio. Isso sim é política!
O varão pesquisou um apoio com as mãos e sentou-se na cadeira de palha. Acendeu um cigarro e a consciência segredou-lhe:
- És um homem maduro.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
2009
Toscano, o Esperançoso.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Algo sem prova
Felizmente, por enquanto, isso não implica ações reais mas: e se assumo mesmo esse pensamento na prática? , bem, deve ser impossível.
O pensamento, não devo ter justificado bem até agora, mas tenho certeza que vocês também tem ao menos uma pitada dele. Tenho uma forte intuição de que nada se justifica a não ser por outras justificativas injustificadas (ou seja, não verdadeiramente justificadas) ((mas o que é "verdadeiramente")).
Acho que esse pensamento deve ter origem(em mim) de quando eu era mais novo e ouvi falar pela primeira vez do Mito da Caverna. Mas o Mito da Caverna me parece obsoleto agora, sempre que se encontrasse a verdade, não há nada que as definam como verdade.
Penso que qualquer religião seja um resumo mal feito para esses questionamentos de por quê existem as coisas e por quê são regidas por leis(leis físicas por exemplo).
Por quê a parede, o chão, as forças parecem tão normal às pessoas em geral?
Cansaram de pensar e simplesmente aceitam como é?
to be continued...
sábado, 25 de outubro de 2008
Um cafezinho.
Eu fiz uma tradução da letra e mandei pro meu professor de francês corrigir, ele gentilmente corrigiu a tradução e me enviou sugestões. O resultado parcial (ou final), ficou esse aqui:
Pra começar bem
O meu diazinho
E me despertar
Eu tomei um cafezinho
Um arábico
Preto e reforçado
Botei minha jaqueta
E assim já posso ir.
”Aonde que você vai?”
Me grita a minha amada
”Tomemos um café
Acabei de me levantar”
Como estou adiantado
E mesmo forçando um pouco
Dou meia volta
E tomo outro café.
As quinze pras oito
Eu tenho que admitir
Os escritórios estão vazios
É capaz de me entediar,
Mas eu continuo calmo
Eu sei me adaptar
Enquanto os outros chegam
Tenho tempo pra um café.
O dia continua
Todos podem trabalhar
Ao menos até a hora
Da pausa pra um café
Minha secretária entra:
”Forte como você gosta:”
Ah linda, eu já tomei um
Mas já que ele está pronto...
No almoço de negócios
Pertinho do Santier
Está um dia ótimo
Mas eu me sinto estressado
Meus colegas sorrindo:
”Fica de boa, Renato
Fume um bom cigarro
E tome um cafezinho!”
No fim do intervalo
Meus colegas cansados
Chamam um táxi
Mas eu quero perambular
Por toda Paris!
Depois eu vejo uma cafeteria
E peço um descafeinado
Que seja recafeinado!
Eu volto ao escritório
Minha secretária me fala :
”O senhor está atrazadinho
Eu me preocupei!”
Que! – Eu a jogo pela janela
Ela bem que mereceu
De qualquer forma, é preciso que eu volte
Mas antes um café.
Esperando o metro
Eu fui agredido,
Uma velhinha me diz :
”O senhor tem horas, por favor?”
Que! – Eu lhe quebro a cabeça
E a jogo no trilho
Vou embora pra casa
E me sirvo um... adivinha?
”Papai, meu papai
Eu sou o primeiro da classe.”
Mas que merda?
Pare de me encher o saco!
Ô menino besta!
E além disso, fica chorando!
Eu me tranco na cozinha
Tem ainda um pouco de café!
Já faz catorze dias
Que eu estou trancado
Sozinho na minha cozinha
E eu bebo café
Eu precisava muito de dormir
Mas os tiras vão me pegar
Então eu preguei as portas
E tomei um outro café!
Café
pour Oldelaf & Monsieur D.
Album: L'album de la maturité
Pour bien commencer
Ma petite journée
Et me réveiller
Moi, j'ai pris un café
Un arabica
Noir et bien corsé
J'enfile ma parka
Ça y est je peux y aller
«Où est-ce que tu vas ?»
Me crie mon aimée
«Prenons un kawa
Je viens de me lever»
Étant en avance
Et un peu forcé
Je change de sens
Et reprends un café
A huit heures moins l'quart
Faut bien l'avouer
Les bureaux sont vides
On pourrait s'ennuyer
Mais je reste calme
Je sais m'adapter
Le temps qu'ils arrivent
J'ai l'temps pour un café
La journée s'emballe
Tout le monde peut bosser
Au moins jusqu'à l'heure
De la pause-café
Ma secrétaire entre :
«Fort comme vous l'aimez»
Ah mince, j'viens d'en prendre
Mais maintenant qu'il est fait...
Un repas d'affaire
Tout près du Sentier
Il fait un temps super
Mais je me sens stressé
Mes collègues se marrent :
«Détends-toi, René !
Prends un bon cigare
Et un p'tit café...»
Une fois fini
Mes collègues crevés
Appellent un taxi
Mais moi j'ai envie d'sauter
Je fais tout Paris
Puis je vois un troquet
J'commande un déca
Mais recaféiné
J'arrive au bureau
Ma secrétaire me fait :
«Vous êtes un peu en r'tard
Je me suis inquiétée»
Han ! - J'la jette par la f'nêtre
Elle l'avait bien cherché
T'façons faut qu'je rentre
Mais avant un café
Attendant l'métro
Je me fais agresser
Une p'tite vieille me dit :
«Vous avez l'heure s'il vous plaît ?»
Han - Je lui casse la tête
Et j'la pousse sur le quai
Je file à la maison
Et j'me sers un - devinez ?
«Papa, mon Papa,
En classe je suis premier»
Putain mais quoi ?
Tu vas arrêter de m'faire chier ?
Qu'il est con ce gosse !
En plus y s'met à chialer !
J'm'enferme dans la cuisine
Il reste un peu d'café
Ça fait quatorze jours
Que je suis enfermé
J'suis seul dans ma cuisine
Et je bois du café
Il faudrait bien qu'je dorme
Mais les flics vont m'choper
Alors je cloue les portes
Et j'reprends du café...
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Ciclos de Amizade e Amizades Cíclicas
ps1. o post original possui uma tirinha que eu retirei deste por achar que a tirinha não tinha muito a ver com esse blog.
ps2. onde estão os poetas que costumavam frequentar esta espelunca?
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Na vida real não há super-heróis
Na vida real não há uma segunda chance
Ninguém virá pra te salvar
Por que na vida real não há super-heróis
Ninguém vai entrar na frente da bala
Ninguém vai te segurar quando você cair
Ou chegar a tempo de te salvar do veneno
Por que na vida real não há super-heróis
Não há super-poderes, nem identidades secretas
Somos todos os vilões prestes a dominarmos o mundo
Precisamos é de heróis para nos salvar de nós mesmos
Por que na vida real não há super-heróis.
Guardiões da esperança ou salvadores da pátria
Na vida real não há super-heróis
Vingadores do mal ou homens de máscara
Na vida real não há super-heróis
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Reflexão*
Toscano, o reflexivo.
*Post Original: 28/08/2008
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Quando eu me perdi
O celular toca e aí a gente acorda
De quem é essa luz? Entrando pela fresta da madrugada
Meus olhos num barco vão derretendo-se flores
Tudo é verso no subterrâneo, de quem é essa luz?
Depois do sonho a gente esquece tudo...
Perdi-me dos telhados nas esquinas
E a cada esquina eu vejo um Cristo morto,
Com céus e léus correspondentes, vejo
O vinho hoje jaz barato, o sangue
Perdeu-se e nós não vimos como foi.
Depois do sonho a gente esquece tudo...
Eu tenho insônia e só queria isso
Dizer, entendes? Nada mais eu quero,
É simples quando resumimos coisas
È só dormir e eu vou falar de novo
Eu tenho insônia, mas sonhei... estranho...
Depois do sonho a gente esquece tudo...
De quem é essa luz? Achaste a carta muda dos hermetismos?
A deusa num deixa a gente entender as coisas
Ela é linda nas captações e... de quem é essa luz?
Depois do sonho a gente esquece tudo...
A selva tenebrosa está jornada
Mas não no meio eu sou igual aos outros
Com cama, lama, deitarei nas letras
O sonho hoje jaz sem nuvem, sobe
Como o canto da desaparição.
Depois do sonho a gente esquece tudo...
Eu tenho um pássaro de eterno feto
Como o argiloso céu na mente é vivo
Eu gosto de café de coisa escura
Eu tenho um pássaro também germânico...
Depois do sonho a gente esquece tudo...
As águas cobrem o bigode, a família, Goiânia (Minha Itabira Celeste), tudo.
Duas convulsões
A carta melhor estaria dentro de uma garrafa a um esgoto os ratos a leriam sem os pés da deusa não sou boa gente grande não come assim eu faço seruus no es sed furcifer não falei pra parar de latim carros se desordenam com flechas ultrapassagem me lua a pétala de descosmogonia sem relógio não tenho horas para chegar em seu calcanhar sem Aquiles de duas fermatas uma em cada olho.
Olhei três relógios para os minutos,
Nenhum serviu, e assim eu andei bêbado,
Não quero mais ser feliz ou triste nada mais me importa,
Ignoro a pulseira de contas e alegorias nos seu tornozelo,
Mas e daí? Não me vendes pétalas de lágrimas ou sóis
Tampouco em seus beijos me dá o cavalo falecido
Daquele poema tão antigo que ninguém mais se lembra,
Não me importa mais os seus olhos de deusa por sobre estas palavras falantes,
Nem por sobre as mudas ou as árvores delas
Só me resta este relógio derretido já não mais visto
E visto esta realidade tão estrela para os prédios
Só não quero ter outra convulsão,
Perder o contato com o contato, e as luas sem noites para os olhos
O luto já não mais luta sobre o velório de ninguém
As flores estampadas em uma felicidade de plástico
Ninguém aqui amanheceu de sonâmbulo ou mosca
Me importa o silêncio do meu quarto, com o meu pássaro, uma ampulheta, bonecos infantis e alguns troços mais úteis,
Mas não me importa o final deste poema.
Só não quero ter outra convulsão,
Por favor, não outra convulsão,
Ou
Trás
Com
Vulcão.
Não quero já disse mas veja partes de uma mortalha a um esgoto meus goles coca-cola metafísis adeus em vão não voa porra balas não viram pós eu tenho estrelas de ser um pássaro vão olhei pra relógio meu bem baços de sagitários sem trevas de alunissagem me cai a lágrima com hipermetropia sem cabeça ferrenho outono pega-me o Sol sem despetalar sem os astros sem suas miragens sem a deusa ou sonho.
A Duas Mãos.
G: MAIS DO QUE JÁ PUS?
A: BOTE MAIS
A: FAÇA-A BELA
A: BELA COMO SÓ UM ARACNÍDEO PODE SER
G: MAIS BELA QUE ELA, IMPOSSIVEL
A: NA ABUNDÂNCIA DE MEMBROS E GLOBOS
A: ENTÃO... MATE-A
A: PERFEIÇÃO NÃO CABE A TERRA
G: NÃO POSSO FAZE-LA CHORAR
G: POIS CHORO TAMBÉM, E TURVANDO MINHA VISTA
G: SOU PRIVADO DE SUA BELEZA
A: TURVE-A DE SANGUE
G: SÓ SE FOR O MEU
G: POIS MEU SANGUE É DELA
G: E SEU SANGUE É MEU
A: TEU SANGUE É TEU
A: MALDITO SANDEU
G: NADA É MEU, AMIGO
G: TUDO É DELA
A: POIS ENTÃO... SE MATE
A: QUE A EXISTÊNCIA NÃO TE MERECE
G: E TU? POR QUE NÃO CUIDAS DE SUA AMADA?
G: COLOCAS IDÉIAS EM MINHA CABEÇA
G: E ESQUECE QUE TAMBÉM CHORAS NA CALÇADA
A: MINHA ÚNICA AMADA É A CACHAÇA
A: FOI A ÚNICA...
A: A ÚNICA...
A: QUE ESTEVE AO MEU LADO
A: A CADA DESILUSÃO
G: MAS CADA DESILUSÃO, ERA UMA MORTE EVITADA (OU CAUSADA?)
A: E DE QUE ME IMPORTAS ISSO AGORA?
A: MATEI-AS TODAS
A: AFOGUEI-AS EM AGÜARDENTE
G: E ORGULHAS-TE? QUERES QUE FAÇA O MESMO?
A: E NEGAS TÃO BOM CONSELHO?
G: JÁ NÃO SEI SE QUERES QUE MATE-A OU QUE MATE-ME
A: E, AFINAL, TANTO FAZ
G: NO FINAL, TANTO FAZ.
Toscano, o inconsistente.
Vegetal
A figura neurastênica e sonolenta
Dos passos densos e cansados...
Sim, sou eu.
A epítome do tédio.
Sem remédio, mas...
Profundamente hipocondríaco.
Leio muito e não trabalho
Não defendo o proletário
E de fé, nada me sobra.
Sou eu, humano.
Sou eu, vegetal.
E que bela horta temos aqui, não?
Desperte, Aperte, Acerte, Conserte...
Inerte!
Elliot Scaramal
domingo, 31 de agosto de 2008
Mutualismo - O Mosquito e o Filantropo
E assim, mosquito, tu deves fazer!
Faz-me morto, que morro em gozo... dando vida
a quem merece viver.
Elliot Scaramal
Carta aberta a Nayara
"Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade" Primeira epístola de São João (2: 20, 21)
"I count those feathered balls of soot
The moor-hen guides upon the stream,
To silence the envy my thought;
And turn towards my chamber, caught
In the cold snows of a dream." W. B. Yeats
N,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta
Sobre o cavalo de lágrimas na neve do sonho
Mas se destece em crisálidas de fênix, silêncios
Pós das latrinas devoram na caveira do abismo.
Indubitavelmente eu acredito
No absinto derretendo as televisões ao som da terceira trombeta.
Encarecida a mente faz o mito
Do absurdo no automóvel passarizando a larva desalunissada.
Sinto-me surdo de repente.
No fundo dessa incógnita um cavalo vomitou a rosa-dos-ventos,
Cavá-lo tirou-me momentaneamente da hipnose dos pés da deusa,
Tentava pintar o nunca de suas unhas como metáfora obediente,
Pois somos metáforas metafísicas na internet dos séculos,
Tentei não amá-la, mas vi sua pulseira com contas e alegorias
E vi-me preso como o outono desfolhando o Evangelho
Só posso fazer por ti esta carta apocalíptica
Fujamos daqui antes de sermos novamente seus escravos
Longe podemos pescar estrelas no lago da noite
E alimentar com sonhos as nuvens já fartas do Sol
Só encontraremos a pós cavarmos os cavalos seus esqueletos de relógio
E o mecanismo de formigas fugirá nas mãos derretidas
Não quero mais chorar, disse o céu antes do dilúvio
Tudo se resolve nas estátuas dos cemitérios
E suas flores dormidas no tédio da tarde.
Eu não sou mito de tétrica cirrose na festa
Durmo no embalo da lástima mais breve da deusa
A fada canta e de pálida me lua enterrado
Pós das latrinas devoram a caveira do espaço.
Eu não sou mito de lápide no raio que o parta,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta.
Marra Signoreli
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Epístole
Para: Fundo de gaveta empoeirado
Claramente uma brincadeira
“Então se vá, mas não me procure mais.” Redigi, eu, em tom jocoso*. Claramente uma brincadeira.
Mas é a claridade que cega o desavisado. Fôra eu, ferido pela elucidação de meus próprios simplórios vocábulos?
Seria esta colocação, um retrato de meu anseio em abominá-la? Que Ironia...
“Ah! Se ele tivesse vindo (o tamarindo)
Mas foi melhor que não viesse
Foi melhor, e a alma não erra
Porque para a alma exilada
É melhor nunca ver nada
Dos campos de sua terra
Ás vezes basta um flor
Para, repentinamente,
Assim como um ferro quente
Eternizar a dor”
Oh! Augusto dos Anjos... Até tu, Brutus? Meu deplorável ídolo... Antes o deus do indecoroso, hoje um mortal, meu igual...
Ridículo! Recomponha-te!
Sabes, leitor, afinal quero sim resigná-la. As estrelas mais brilhantes são as isoladas...
Deixa-me mundo, deixa-me agora! De companhia basta-me os livros.
Como a quero... a quero em demasia...
Cala-te a boca, idiota! Recomponha-te!
Vês? Estou dividido... Quero ao meu lado apenas a indiferença!
Mas é este impulso... Este ímpeto... faz tão bela a besta humana, vejo teus defeitos e os vejo tão belos!
Vejo tão cândido e macio corpo... e o desejo, sôfrego, tendendo ao frenesi... aqueles olhos penetrantes e líquidos, a tez branda, a voz cadente...E pensa, e como pensa, como é inteligente esta doce garota!
Cala-te, relapso! Recomponha-te!
Será isso o que chamam os néscios, “ser romântico”?
Pois não sou e não quero ser romântico... Tudo é matéria e tudo tende ao nada... beleza e inteligência de nada valem entregues ao tempo!
Se hoje, exalas doce aroma, amanhã, serás carne fétida, leitor!
Oh! Teleológica matéria, como é belo teu ofício, arruinar a ilusão humana. O homem é deplorável lixo vaidoso e inválido. Rezo a ti, Deus-Verme, faz me húmus, tira-me a dor de ser homem... burguês... branco... HOMEM! Ouve-me as preces, tira-me a ilusão da ternura, faz-me forte, impassível... faz-me ao menos burro, epilético, aliena-me do meu estado... faz-me irracional e joga-me ao ciclo biológico perfeito, onde o ser humano é o cancro.
Extingue esse cancro, Deus-Verme.
Faz-me qualquer coisa, mas faz-me outra coisa, tira-me a náusea da existência que o velho Sartre já cantou... Só não faz-me homem... HOMEM, NÃO... não mais serei humano, não quero... não quero! Mas... sim, eu quero... EU A QUERO!
CALA-TE A BOCA, IMBECIL... DE UMA VEZ POR TODAS! RECOMPONHA-TE!
Versos Subscritos
Junto à insônia vem a insânia
Desejo doudo de beber
E de amar
* Não existe tom jocoso na escrita... ela é por si só, reles instrumento, neutra e vaga. Fria companheira de madrugada.
Golfadas sinceras do bêbado
Elliot Santovich Scaramal
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Jade. says:
se vc me mandar esse link de novo eu atiro na sua cabeça
Marra Signoreli says:
mas hein, por que atirar na minha cabeça? o.o
Jade. says:
PORQUE VC ME MANDOU ESSE LINK DUZENTAS MIL VEZES
Marra Signoreli says:
eu descobri esse link ontem
pouco antes de dormir. o.o
Jade. says:
e me mandou!!!
eu multipliquei o numero de vezes que vc me mandou por cem mil, mas...
dá na mesma.
Marra Signoreli says:
você costuma atirar na cabeça das pessoas?
Jade. says:
às vezes, pra evitar o desgaste da discussão.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Compelido
Fui escalado para difundir a proposta literária de Jade Muriel.
E nada mais eficaz do que fazê-lo com as próprias palavras da mesma.
"Cada um faz um texto, mini-conto, sobre a mesma situação e personagem, previamente determinados. Com o mesmo número de linhas e mesma estrutura. Assim, a gente cria um personagem, um problema e cada um desenvolve com o mesmo número de linhas a situação. Daí a gente vê a visão de cada um na mesma situação. Mas pra ficar justo tem que ser com o mesmo número de linhas. Daí temos que postar todos os textos no mesmo dia, pra ninguém ver o texto do outro. =D
Vamos animar o blog! Todo mundo é obrigado a participar ou eu corto a bebida e trago uma garota pra fazer sexo comigo na frente de vcs. Essa tentativa de explicar minha idéia ficou redundante, mas deu pra entender, certo?Obrigada pela atenção e eu espero avidamente que os senhores me apoiem!"
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Uma questão de fé
Entanto infelizmente também existem as confusões, os teóricos para provar e reprovar as coisas mais lógicas e ilógicas, mentiras entre as pessoas, grupos de ganância, letras e mais letras em jornais, em panfletos, em línguas beijantes se misturando com as melodias dos shows para compor as paredes de um labirinto onde reina a mediocridade e o comodismo, com humanos roedores seguindo o cheiro do queijo, eu não me rendo, mas tampouco posso te fazer acreditar na arte, pois é, antes de tudo, uma questão de fé.
Acreditar na arte não fará de ti uma pessoa melhor para a sociedade, não te responderá dúvidas, não te proporcionará a salvação, não te dará tranqüilidade ou paz de espírito, não te divertirá, não te colocará acima de leis, não te enriquecerá financeiramente, não te relacionará melhor com teus pais, não te ajudará a arrumar namorado(a), não te embelezará frente ao espelho. A arte não pica, não cozinha, não lava ou seca roupas, ao mesmo tempo não contém álcool, sangue, ácido lisérgico ou cânhamo, pois ela não serve para te chapar, ela não serve para deixar a casa brilhando, ela não serve para nada. Acredita-se na arte como se olha para as coisas eternas, tem-se fé no mistério das estrelas, na invocação simbólica oculta de seus brilhos; com o mesmo sentimento olha-se para um cânone em uma partitura e acredita-se no cânone literário. Queres saber o que é acreditar na arte? Imaginemos Alexander Scriabin compondo “O Mistério” nas montanhas do Himalaia antes de um inseto concretizar seu destino, falava ele que a obra terminaria com a mudança completa do mundo para um Grande Mundo. Que crédito é esse dado a composição?
Mas, oras, estou em um blog e falando diretamente com meu leitor! Foda-se a imparcialidade do afastamento do autor e vamos a um exemplo mais intimista: eu acredito na arte, posso não ser um excelente aluno de meus mestres e deixar a desejar em alguns quesitos, mas estou cá, as duas horas da manhã, pronto para dizer a ti isto, para ser odiado conforme tuas opiniões e para te incomodar com um texto como este, e esta não é sequer a menor de minhas loucuras pela arte.
Quanto a mediocridade, é preciso cuspir nela.
Com carinho e gratidão pela leitura,
Marra Signoreli
Comentário evoluído sobre o texto do priminho
Eu comecei a escrever isso como comentário no texto do toscano, portanto é imperativo que leiam o texto dele, já que estou postando isso rápido demais e não tem lógica nenhuma.
Pois é, primo, às vezes a gente diz muita coisa pensando que não disse nada. Ou não dizemos porra nenhuma mesmo e fazemos os outros pensarem que na verdade dissemos nas entrelinhas. Ou, em outros casos, a gente escreve um monte de merda de onde não se tira nada, e só a gente mesmo pensa que disse alguma coisa, porque somos realmente retardados.
É.
domingo, 27 de julho de 2008
O Dilema da Escova de Dentes
esse texto tem uma interpretação filosófica para sua vida, juro. por mais que ela só exista na minha cabeça, pois não consegui expô-la. se esforcem mais do que eu para achá-la. no mais, é bom voltar a escrever.
Toscano, o da Higiene Bucal.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Pois é...
Eu amo vocês!
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Alvo sonhífero
Parabéns, você está feio.
E as nuvens, as estrelas, os céus arranhado pelos prédios,
E as moças a entreolharem nos vazios, nada mais importa
Nada, você está feio.
Um córrego passando pelos esgotos lhe compõe entre a felicidade,
Toda a felicidade só pode ser felicidade por não ser eterna,
E nada mais além de um córrego passando pelas mãos das pessoas
E a felicidade da cidade,
Mas onde está agora que nada disso lhe é completo?
A mesma escuridão de um quarto onde fico, lhe observo com inúteis lamúrias,
Em cada lágrima a luz, a lúcula luzida dos lábios da lágrima, e tudo vai como um córrego
E tudo passa com a mesma sombra de pássaro compondo a existência incompleta das coisas...
Cortou o cabelo,
Não fica bonito de cabelo cortado...
Toda a vida como um milagre surgindo através do nada além de inúmeras janelas de casas inúmeras e você não fica bonito de cabelo cortado...
Milhares de obras sendo compostas nesta capital obscura e você não fica bonito de cabelo cortado...
Para ficar bonito de cabelo cortado você precisa mais que mudar o rosto,
É preciso antes ser de metal,
Abandonar a condição humana dizendo que você não fica bonito de cabelo cortado,
Até estar longe de você a angústia, o amor, o ódio, o nome, o vazio, a escuridão e a luz, o metafísico e o imaginário além dos fios de cabelo cortado...
Mas é impossível estar longe você de tudo isso, pois então não seria você,
Poderia cortar o cabelo, queimar o rosto, arrancar o coração, quebrar as pernas, parar os olhos e cegar os pelos do nariz que você é.
E está apaixonado, angustiado, com medo, com ódio, com fome, com sede, com febre, como sempre esteve, mas agora você está feio e de cabelo cortado...
Quem é você quando anda na rua enfrentando o olhar feliz das sombras do nada?
É, pois nada existe atrás de você,
Só começando a existir a partir de seus olhos o que está atrás de você lhe olha,
Mas não é nada,
Quando o nada passa lentamente com seu som automotivo em seus ouvidos, você ouve as sombras do nada e está feio...
A típica tortura das tartarugas: lembrar lentamente da feiúra dos cascos...
A adolescência...
Um fiasco como adolescente andando a procura de uma floricultura,
Problemático, vai andando sozinho a conversar com os seres inexistentes para os que dizem existir...
(A problemática da existência é presente quando se vai em busca de flores)
Nunca este fiasco teve tamanha diversão em toda a sua vida,
Compra uma rosa, quem iria querer receber esta rosa?
Mal sabe que a rosa comprada se perdeu nos ponteiros de um relógio de pêndulo e lá ficou
Fluindo nos fantasmas de festim em cada segundo, flor física do deixado...
Não, não há pessoa na rua que queira receber esta rosa...
Nem pessoa conhecida, na agenda, e poderia procurar
Jogar a rosa num lago eletrônico e por fios e ondas e satélites ser transmitida a rosa por entre computadores modernos
E a rosa nunca sairá do velho relógio de pêndulo...
Mas ainda é jovem, tem tempo,
Tem tempo para aceitar as coisas e deixar os sonhos para o plausível,
Tem tempo para deixar de se apaixonar e deixar de comprar rosas
E deixar os vícios para dar margem a vícios mais sofisticados,
O cabelo vai crescer, tem tempo para desistir disso ou não se importar mais com isso...
Tem tempo para quando o tempo acabar ser o idoso infante de uma antiga pavana
Enquanto todos sãos os defuntos vivos desta mesma pavana citada...
Ou talvez seja sempre o fiasco de um adolescente que está feio e de cabelo cortado,
E que compra rosas e é torturado pelo nada
E as vozes da imaginação sempre cantem em coro no córrego de suas ondas nervosas
Acabando nos fios e ondas de satélite
E nos olhos da fome ficar flutuando em sede, com ódio e apaixonado
Naquele relógio de pêndulo achar a rosa comprada e perdida antes
Que fique hipnotizado pelos pés harmônicos da existência...
Pássaro de Argila
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Comentário Catedrático
O que quero dizer, é que na verdade temos a impressão de que algo muda, como um todo, mas isso é uma ilusão (sim, sim é). O que realmente está em constante mudança são as partículas infinitesimalmente (meu deus, isso exite?) pequenas ( acho que isso também se aplica a coisas abstratas, como a existência). Como cada uma dessas partículas muda de forma independente da outra temos uma imagem geral, mas que na verdade em si é estática.
Uma televisão a cores, sendo vista de perto.
Atenciouzlyy,
Flvio Putz Nada A Ver
post.s:Perdoa aí se você achou isso completamente absurdo ou completamente óbvio ou completamente estúpido
post.s2: Perdoa também eu ter escolhido um assunto desses e falado desse jeito
post.s3:Perdoa também a morte da bezerra
p.s: I love you auhauhauha