segunda-feira, 28 de julho de 2008

Uma questão de fé

A arte existe, estão guardados conceitos, discussões, confabulações, ímpetos, etc sobre ela dentro das paredes da academia, dentro de tratados, dentro de livros, pairando talvez em lugares distantes de teu coração, mas ela existe.

Entanto infelizmente também existem as confusões, os teóricos para provar e reprovar as coisas mais lógicas e ilógicas, mentiras entre as pessoas, grupos de ganância, letras e mais letras em jornais, em panfletos, em línguas beijantes se misturando com as melodias dos shows para compor as paredes de um labirinto onde reina a mediocridade e o comodismo, com humanos roedores seguindo o cheiro do queijo, eu não me rendo, mas tampouco posso te fazer acreditar na arte, pois é, antes de tudo, uma questão de fé.

Acreditar na arte não fará de ti uma pessoa melhor para a sociedade, não te responderá dúvidas, não te proporcionará a salvação, não te dará tranqüilidade ou paz de espírito, não te divertirá, não te colocará acima de leis, não te enriquecerá financeiramente, não te relacionará melhor com teus pais, não te ajudará a arrumar namorado(a), não te embelezará frente ao espelho. A arte não pica, não cozinha, não lava ou seca roupas, ao mesmo tempo não contém álcool, sangue, ácido lisérgico ou cânhamo, pois ela não serve para te chapar, ela não serve para deixar a casa brilhando, ela não serve para nada. Acredita-se na arte como se olha para as coisas eternas, tem-se fé no mistério das estrelas, na invocação simbólica oculta de seus brilhos; com o mesmo sentimento olha-se para um cânone em uma partitura e acredita-se no cânone literário. Queres saber o que é acreditar na arte? Imaginemos Alexander Scriabin compondo “O Mistério” nas montanhas do Himalaia antes de um inseto concretizar seu destino, falava ele que a obra terminaria com a mudança completa do mundo para um Grande Mundo. Que crédito é esse dado a composição?

Mas, oras, estou em um blog e falando diretamente com meu leitor! Foda-se a imparcialidade do afastamento do autor e vamos a um exemplo mais intimista: eu acredito na arte, posso não ser um excelente aluno de meus mestres e deixar a desejar em alguns quesitos, mas estou cá, as duas horas da manhã, pronto para dizer a ti isto, para ser odiado conforme tuas opiniões e para te incomodar com um texto como este, e esta não é sequer a menor de minhas loucuras pela arte.

Quanto a mediocridade, é preciso cuspir nela.

Com carinho e gratidão pela leitura,
Marra Signoreli

5 comentários:

Guilherme Toscano disse...

eu defendo que a arte deve ser sentida, não classificada. cada um a recebe de uma maneira diferente. ela não é um ente, ela está aí na sua cara. acreditar nela não é tão dificil, dificil é querer que os outros a encarem como você encara, já que cada um a capta de maneira diferente. :D

. disse...

então, vc disse que ia procurar na internet esse texto pra postar, e esqueceu de postar a fonte.
é bom =}
e eu não tenho nada legal pra dizer.

Marra Signoreli disse...

Na verdade esse texto é meu, o texto que eu disse que ia mandar pra vocês eu mandei por MSN, trata-se de "A Poética" de Aristóteles.

. disse...

nem olhei pq pensei que vc fosse botar aqui, mas eu li um pedaço, ou tudo, a mto mto mto tempo atras, tipo 2003.

Marra Signoreli disse...

Ler hoje será outra coisa.