terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ciclos de Amizade e Amizades Cíclicas

eu acho que ciclos de amizade são cíclicas. vocês entenderam o que eu estou falando? tem um grupo de pessoas que você se relaciona e esse grupo é sempre renovado com outras pessoas antigas saindo epessoas novas entrando e pessoas antigas voltando. e eu encaro tudo isso numa boa. sabe aquele cara que te deixa um recado falando "sumiu, cara! a gente precisa se ver"? pois é, ele é um exemplo duma pessoa que saiu do seu ciclo de amizades. isso não significa que ele não pode voltar. talvez vocês não estudem mais juntos, não morem mais perto, vai ver ele mudou pra porto alegre, como manter um contato tão próximo quanto era antes? eu nem tento. sei das limitações que a distância impõe e convivo bem com elas. sou estranho por causa disso? não estou falando pra você esquecer seu amigo que tá morando na suécia, não seja ignorante. estou falando que vocês não vão ter o mesmo contato que tinham quando ele morava em cima de você! talvez vocês se falem uma vez por ano pra perguntar como estão as coisas e quando ele volta ou talvez vocês troquem emails todos os dias. muita gente reclama de amigo que afastou, você não é mais o mesmo e essas coisas, preguiça dessa gente. e se o cara cansou da sua cara e não aguentava mais te ver? vai ficar perguntando pra ele até ele te responder mesmo? já tive melhores amigos que hoje mal vejo e não me sinto mal por isso. a vida é assim, as pessoas mudam. nem tenho vontade de correr atrás deles não, o que seriam dos meus atuais melhores amigos se os antigos ainda estivessem por aí? os gostos mudam, os programas mudam, seu pensamento muda. isso não quer dizer que o destino não pode pegar alguém do passado e trazer de volta. acontece muito e pode acontecer quando você menos esperar.




ps1. o post original possui uma tirinha que eu retirei deste por achar que a tirinha não tinha muito a ver com esse blog.
ps2. onde estão os poetas que costumavam frequentar esta espelunca?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Na vida real não há super-heróis

Na vida real não há super-heróis
Na vida real não há uma segunda chance
Ninguém virá pra te salvar
Por que na vida real não há super-heróis

Ninguém vai entrar na frente da bala
Ninguém vai te segurar quando você cair
Ou chegar a tempo de te salvar do veneno
Por que na vida real não há super-heróis

Não há super-poderes, nem identidades secretas
Somos todos os vilões prestes a dominarmos o mundo
Precisamos é de heróis para nos salvar de nós mesmos
Por que na vida real não há super-heróis.

Guardiões da esperança ou salvadores da pátria
Na vida real não há super-heróis
Vingadores do mal ou homens de máscara
Na vida real não há super-heróis

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Reflexão*

meu reflexo não sorri pra mim há um tempo. é estranho, eu tento fingir um sorriso mas ele nada, nem se manifesta. outro dia eu tava encarando ele e ele quase sorriu, mas se manteve impassível. até tentei fazer umas palhaçadas, contar uma piada, mostrar fotos de bebês pandas, mas nada. tentei até fazer cosquinhas! o que será que eu fiz pra ele? acho que ele não gostou do meu novo corte de cabelo ou do jeito que eu fiz a barba. devo ter engordado. que droga! por que eu tenho que agradar a ele? eu não posso mudar nada em mim que ele já fica mal humorado? eu tento conversar mas ele não me responde, assim não chegaremos a lugar nenhum. maldita imagem no espelho que fica me olhando com essa cara de superioridade, espero que ele seja eternamente nada além de um plano na parede. deixa ele! vou começar a me vestir como um palhaço, pra ver como ele se sente. ele devia é agradecer que teve a sorte de ser o reflexo de alguém com bom senso estético como eu. e fica me olhando com esse mau humor habitual, já não aguento mais, quando eu acordo, não bastando minha cara amassada ele ainda vem com mau humor. aí meu dia fica uma merda porque eu comecei tendo que olhar pra ele. não adianta, você nunca será como eu. pode tentar, imagem estúpida! acho que vou parar de sorrir pra ela também.




Toscano, o reflexivo.


*Post Original: 28/08/2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quando eu me perdi

I
O celular toca e aí a gente acorda

De quem é essa luz? Entrando pela fresta da madrugada
Meus olhos num barco vão derretendo-se flores
Tudo é verso no subterrâneo, de quem é essa luz?
Depois do sonho a gente esquece tudo...

Perdi-me dos telhados nas esquinas
E a cada esquina eu vejo um Cristo morto,
Com céus e léus correspondentes, vejo
O vinho hoje jaz barato, o sangue
Perdeu-se e nós não vimos como foi.

Depois do sonho a gente esquece tudo...

Eu tenho insônia e só queria isso
Dizer, entendes? Nada mais eu quero,
É simples quando resumimos coisas
È só dormir e eu vou falar de novo
Eu tenho insônia, mas sonhei... estranho...

Depois do sonho a gente esquece tudo...

De quem é essa luz? Achaste a carta muda dos hermetismos?
A deusa num deixa a gente entender as coisas
Ela é linda nas captações e... de quem é essa luz?
Depois do sonho a gente esquece tudo...

A selva tenebrosa está jornada
Mas não no meio eu sou igual aos outros
Com cama, lama, deitarei nas letras
O sonho hoje jaz sem nuvem, sobe
Como o canto da desaparição.

Depois do sonho a gente esquece tudo...

Eu tenho um pássaro de eterno feto
Como o argiloso céu na mente é vivo
Eu gosto de café de coisa escura
Eu tenho um pássaro também germânico...

Depois do sonho a gente esquece tudo...

As águas cobrem o bigode, a família, Goiânia (Minha Itabira Celeste), tudo.

II
Duas convulsões

A carta melhor estaria dentro de uma garrafa a um esgoto os ratos a leriam sem os pés da deusa não sou boa gente grande não come assim eu faço seruus no es sed furcifer não falei pra parar de latim carros se desordenam com flechas ultrapassagem me lua a pétala de descosmogonia sem relógio não tenho horas para chegar em seu calcanhar sem Aquiles de duas fermatas uma em cada olho.

Olhei três relógios para os minutos,
Nenhum serviu, e assim eu andei bêbado,
Não quero mais ser feliz ou triste nada mais me importa,
Ignoro a pulseira de contas e alegorias nos seu tornozelo,
Mas e daí? Não me vendes pétalas de lágrimas ou sóis
Tampouco em seus beijos me dá o cavalo falecido
Daquele poema tão antigo que ninguém mais se lembra,

Não me importa mais os seus olhos de deusa por sobre estas palavras falantes,
Nem por sobre as mudas ou as árvores delas
Só me resta este relógio derretido já não mais visto
E visto esta realidade tão estrela para os prédios
Só não quero ter outra convulsão,

Perder o contato com o contato, e as luas sem noites para os olhos
O luto já não mais luta sobre o velório de ninguém
As flores estampadas em uma felicidade de plástico
Ninguém aqui amanheceu de sonâmbulo ou mosca
Me importa o silêncio do meu quarto, com o meu pássaro, uma ampulheta, bonecos infantis e alguns troços mais úteis,
Mas não me importa o final deste poema.
Só não quero ter outra convulsão,
Por favor, não outra convulsão,
Ou
Trás
Com
Vulcão.

Não quero já disse mas veja partes de uma mortalha a um esgoto meus goles coca-cola metafísis adeus em vão não voa porra balas não viram pós eu tenho estrelas de ser um pássaro vão olhei pra relógio meu bem baços de sagitários sem trevas de alunissagem me cai a lágrima com hipermetropia sem cabeça ferrenho outono pega-me o Sol sem despetalar sem os astros sem suas miragens sem a deusa ou sonho.

Marra Signoreli

A Duas Mãos.

A: PONHA OLHOS NAS LÁGRIMAS DELA!
G: MAIS DO QUE JÁ PUS?
A: BOTE MAIS
A: FAÇA-A BELA
A: BELA COMO SÓ UM ARACNÍDEO PODE SER
G: MAIS BELA QUE ELA, IMPOSSIVEL
A: NA ABUNDÂNCIA DE MEMBROS E GLOBOS
A: ENTÃO... MATE-A
A: PERFEIÇÃO NÃO CABE A TERRA
G: NÃO POSSO FAZE-LA CHORAR
G: POIS CHORO TAMBÉM, E TURVANDO MINHA VISTA
G: SOU PRIVADO DE SUA BELEZA
A: TURVE-A DE SANGUE
G: SÓ SE FOR O MEU
G: POIS MEU SANGUE É DELA
G: E SEU SANGUE É MEU
A: TEU SANGUE É TEU
A: MALDITO SANDEU
G: NADA É MEU, AMIGO
G: TUDO É DELA
A: POIS ENTÃO... SE MATE
A: QUE A EXISTÊNCIA NÃO TE MERECE
G: E TU? POR QUE NÃO CUIDAS DE SUA AMADA?
G: COLOCAS IDÉIAS EM MINHA CABEÇA
G: E ESQUECE QUE TAMBÉM CHORAS NA CALÇADA
A: MINHA ÚNICA AMADA É A CACHAÇA
A: FOI A ÚNICA...
A: A ÚNICA...
A: QUE ESTEVE AO MEU LADO
A: A CADA DESILUSÃO
G: MAS CADA DESILUSÃO, ERA UMA MORTE EVITADA (OU CAUSADA?)
A: E DE QUE ME IMPORTAS ISSO AGORA?
A: MATEI-AS TODAS
A: AFOGUEI-AS EM AGÜARDENTE
G: E ORGULHAS-TE? QUERES QUE FAÇA O MESMO?
A: E NEGAS TÃO BOM CONSELHO?
G: JÁ NÃO SEI SE QUERES QUE MATE-A OU QUE MATE-ME
A: E, AFINAL, TANTO FAZ
G: NO FINAL, TANTO FAZ.



Toscano, o inconsistente.

Vegetal

E o que mais poderia eu ser?
A figura neurastênica e sonolenta
Dos passos densos e cansados...
Sim, sou eu.
A epítome do tédio.
Sem remédio, mas...
Profundamente hipocondríaco.
Leio muito e não trabalho
Não defendo o proletário
E de fé, nada me sobra.
Sou eu, humano.
Sou eu, vegetal.

E que bela horta temos aqui, não?


Desperte, Aperte, Acerte, Conserte...
Inerte!


Elliot Scaramal