Jantei... E prostrava a gozar da fartura... estava vivo, gordo, abundante... tão saciado que o excesso me transbordava à pele. Mas no meu belo sono de satisfação, eis que me surge, figura tão negra e enfadonha: um mosquito. O pequeno e ágil vulto clamava-me, num zum-zum-zum infernal, um escambo: queria vida e dava-me, em troca, meia-dúzia de doenças fracas. Visto, em meu rosto, uma reação desdenhosa, o mosquito encarnou seus instintos mais primitivos e numa fome tamanha, sorveu-me, sôfrego, alguns respingos de sangue ralo.
E assim, mosquito, tu deves fazer!
Faz-me morto, que morro em gozo... dando vida
a quem merece viver.
Elliot Scaramal
domingo, 31 de agosto de 2008
Carta aberta a Nayara
As melancólicas palavras desta carta foram escritas por Marra Signoreli no segundo semestre de 2008 e publicadas em dois blogs: Delirium Tremens e Pierrot Lunaire sob o pretexto de serem encaminhadas a Nayara. Na verdade o silêncio hermético dessas palavras revelam uma incomunicação repletas de interpretações absurdas de quem a lê, o único jeito de apreende-las, creio eu, seria não pensando sobre elas.
"Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade" Primeira epístola de São João (2: 20, 21)
"I count those feathered balls of soot
The moor-hen guides upon the stream,
To silence the envy my thought;
And turn towards my chamber, caught
In the cold snows of a dream." W. B. Yeats
N,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta
Sobre o cavalo de lágrimas na neve do sonho
Mas se destece em crisálidas de fênix, silêncios
Pós das latrinas devoram na caveira do abismo.
Indubitavelmente eu acredito
No absinto derretendo as televisões ao som da terceira trombeta.
Encarecida a mente faz o mito
Do absurdo no automóvel passarizando a larva desalunissada.
Sinto-me surdo de repente.
No fundo dessa incógnita um cavalo vomitou a rosa-dos-ventos,
Cavá-lo tirou-me momentaneamente da hipnose dos pés da deusa,
Tentava pintar o nunca de suas unhas como metáfora obediente,
Pois somos metáforas metafísicas na internet dos séculos,
Tentei não amá-la, mas vi sua pulseira com contas e alegorias
E vi-me preso como o outono desfolhando o Evangelho
Só posso fazer por ti esta carta apocalíptica
Fujamos daqui antes de sermos novamente seus escravos
Longe podemos pescar estrelas no lago da noite
E alimentar com sonhos as nuvens já fartas do Sol
Só encontraremos a pós cavarmos os cavalos seus esqueletos de relógio
E o mecanismo de formigas fugirá nas mãos derretidas
Não quero mais chorar, disse o céu antes do dilúvio
Tudo se resolve nas estátuas dos cemitérios
E suas flores dormidas no tédio da tarde.
Eu não sou mito de tétrica cirrose na festa
Durmo no embalo da lástima mais breve da deusa
A fada canta e de pálida me lua enterrado
Pós das latrinas devoram a caveira do espaço.
Eu não sou mito de lápide no raio que o parta,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta.
O Pássaro de Argila
"Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade" Primeira epístola de São João (2: 20, 21)
"I count those feathered balls of soot
The moor-hen guides upon the stream,
To silence the envy my thought;
And turn towards my chamber, caught
In the cold snows of a dream." W. B. Yeats
N,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta
Sobre o cavalo de lágrimas na neve do sonho
Mas se destece em crisálidas de fênix, silêncios
Pós das latrinas devoram na caveira do abismo.
Indubitavelmente eu acredito
No absinto derretendo as televisões ao som da terceira trombeta.
Encarecida a mente faz o mito
Do absurdo no automóvel passarizando a larva desalunissada.
Sinto-me surdo de repente.
No fundo dessa incógnita um cavalo vomitou a rosa-dos-ventos,
Cavá-lo tirou-me momentaneamente da hipnose dos pés da deusa,
Tentava pintar o nunca de suas unhas como metáfora obediente,
Pois somos metáforas metafísicas na internet dos séculos,
Tentei não amá-la, mas vi sua pulseira com contas e alegorias
E vi-me preso como o outono desfolhando o Evangelho
Só posso fazer por ti esta carta apocalíptica
Fujamos daqui antes de sermos novamente seus escravos
Longe podemos pescar estrelas no lago da noite
E alimentar com sonhos as nuvens já fartas do Sol
Só encontraremos a pós cavarmos os cavalos seus esqueletos de relógio
E o mecanismo de formigas fugirá nas mãos derretidas
Não quero mais chorar, disse o céu antes do dilúvio
Tudo se resolve nas estátuas dos cemitérios
E suas flores dormidas no tédio da tarde.
Eu não sou mito de tétrica cirrose na festa
Durmo no embalo da lástima mais breve da deusa
A fada canta e de pálida me lua enterrado
Pós das latrinas devoram a caveira do espaço.
Eu não sou mito de lápide no raio que o parta,
Eu acredito nas pétalas de Sol desta carta.
Distraidamente,
Marra Signoreli
Marra Signoreli
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Epístole
De: Um Poeta
Para: Fundo de gaveta empoeirado
Claramente uma brincadeira
“Então se vá, mas não me procure mais.” Redigi, eu, em tom jocoso*. Claramente uma brincadeira.
Mas é a claridade que cega o desavisado. Fôra eu, ferido pela elucidação de meus próprios simplórios vocábulos?
Seria esta colocação, um retrato de meu anseio em abominá-la? Que Ironia...
“Ah! Se ele tivesse vindo (o tamarindo)
Mas foi melhor que não viesse
Foi melhor, e a alma não erra
Porque para a alma exilada
É melhor nunca ver nada
Dos campos de sua terra
Ás vezes basta um flor
Para, repentinamente,
Assim como um ferro quente
Eternizar a dor”
Oh! Augusto dos Anjos... Até tu, Brutus? Meu deplorável ídolo... Antes o deus do indecoroso, hoje um mortal, meu igual...
Ridículo! Recomponha-te!
Sabes, leitor, afinal quero sim resigná-la. As estrelas mais brilhantes são as isoladas...
Deixa-me mundo, deixa-me agora! De companhia basta-me os livros.
Como a quero... a quero em demasia...
Cala-te a boca, idiota! Recomponha-te!
Vês? Estou dividido... Quero ao meu lado apenas a indiferença!
Mas é este impulso... Este ímpeto... faz tão bela a besta humana, vejo teus defeitos e os vejo tão belos!
Vejo tão cândido e macio corpo... e o desejo, sôfrego, tendendo ao frenesi... aqueles olhos penetrantes e líquidos, a tez branda, a voz cadente...E pensa, e como pensa, como é inteligente esta doce garota!
Cala-te, relapso! Recomponha-te!
Será isso o que chamam os néscios, “ser romântico”?
Pois não sou e não quero ser romântico... Tudo é matéria e tudo tende ao nada... beleza e inteligência de nada valem entregues ao tempo!
Se hoje, exalas doce aroma, amanhã, serás carne fétida, leitor!
Oh! Teleológica matéria, como é belo teu ofício, arruinar a ilusão humana. O homem é deplorável lixo vaidoso e inválido. Rezo a ti, Deus-Verme, faz me húmus, tira-me a dor de ser homem... burguês... branco... HOMEM! Ouve-me as preces, tira-me a ilusão da ternura, faz-me forte, impassível... faz-me ao menos burro, epilético, aliena-me do meu estado... faz-me irracional e joga-me ao ciclo biológico perfeito, onde o ser humano é o cancro.
Extingue esse cancro, Deus-Verme.
Faz-me qualquer coisa, mas faz-me outra coisa, tira-me a náusea da existência que o velho Sartre já cantou... Só não faz-me homem... HOMEM, NÃO... não mais serei humano, não quero... não quero! Mas... sim, eu quero... EU A QUERO!
CALA-TE A BOCA, IMBECIL... DE UMA VEZ POR TODAS! RECOMPONHA-TE!
Versos Subscritos
Junto à insônia vem a insânia
Desejo doudo de beber
E de amar
* Não existe tom jocoso na escrita... ela é por si só, reles instrumento, neutra e vaga. Fria companheira de madrugada.
Golfadas sinceras do bêbado
Elliot Santovich Scaramal
Para: Fundo de gaveta empoeirado
Claramente uma brincadeira
“Então se vá, mas não me procure mais.” Redigi, eu, em tom jocoso*. Claramente uma brincadeira.
Mas é a claridade que cega o desavisado. Fôra eu, ferido pela elucidação de meus próprios simplórios vocábulos?
Seria esta colocação, um retrato de meu anseio em abominá-la? Que Ironia...
“Ah! Se ele tivesse vindo (o tamarindo)
Mas foi melhor que não viesse
Foi melhor, e a alma não erra
Porque para a alma exilada
É melhor nunca ver nada
Dos campos de sua terra
Ás vezes basta um flor
Para, repentinamente,
Assim como um ferro quente
Eternizar a dor”
Oh! Augusto dos Anjos... Até tu, Brutus? Meu deplorável ídolo... Antes o deus do indecoroso, hoje um mortal, meu igual...
Ridículo! Recomponha-te!
Sabes, leitor, afinal quero sim resigná-la. As estrelas mais brilhantes são as isoladas...
Deixa-me mundo, deixa-me agora! De companhia basta-me os livros.
Como a quero... a quero em demasia...
Cala-te a boca, idiota! Recomponha-te!
Vês? Estou dividido... Quero ao meu lado apenas a indiferença!
Mas é este impulso... Este ímpeto... faz tão bela a besta humana, vejo teus defeitos e os vejo tão belos!
Vejo tão cândido e macio corpo... e o desejo, sôfrego, tendendo ao frenesi... aqueles olhos penetrantes e líquidos, a tez branda, a voz cadente...E pensa, e como pensa, como é inteligente esta doce garota!
Cala-te, relapso! Recomponha-te!
Será isso o que chamam os néscios, “ser romântico”?
Pois não sou e não quero ser romântico... Tudo é matéria e tudo tende ao nada... beleza e inteligência de nada valem entregues ao tempo!
Se hoje, exalas doce aroma, amanhã, serás carne fétida, leitor!
Oh! Teleológica matéria, como é belo teu ofício, arruinar a ilusão humana. O homem é deplorável lixo vaidoso e inválido. Rezo a ti, Deus-Verme, faz me húmus, tira-me a dor de ser homem... burguês... branco... HOMEM! Ouve-me as preces, tira-me a ilusão da ternura, faz-me forte, impassível... faz-me ao menos burro, epilético, aliena-me do meu estado... faz-me irracional e joga-me ao ciclo biológico perfeito, onde o ser humano é o cancro.
Extingue esse cancro, Deus-Verme.
Faz-me qualquer coisa, mas faz-me outra coisa, tira-me a náusea da existência que o velho Sartre já cantou... Só não faz-me homem... HOMEM, NÃO... não mais serei humano, não quero... não quero! Mas... sim, eu quero... EU A QUERO!
CALA-TE A BOCA, IMBECIL... DE UMA VEZ POR TODAS! RECOMPONHA-TE!
Versos Subscritos
Junto à insônia vem a insânia
Desejo doudo de beber
E de amar
* Não existe tom jocoso na escrita... ela é por si só, reles instrumento, neutra e vaga. Fria companheira de madrugada.
Golfadas sinceras do bêbado
Elliot Santovich Scaramal
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Isso foi engraçado :
Jade. says:
se vc me mandar esse link de novo eu atiro na sua cabeça
Marra Signoreli says:
mas hein, por que atirar na minha cabeça? o.o
Jade. says:
PORQUE VC ME MANDOU ESSE LINK DUZENTAS MIL VEZES
Marra Signoreli says:
eu descobri esse link ontem
pouco antes de dormir. o.o
Jade. says:
e me mandou!!!
eu multipliquei o numero de vezes que vc me mandou por cem mil, mas...
dá na mesma.
Marra Signoreli says:
você costuma atirar na cabeça das pessoas?
Jade. says:
às vezes, pra evitar o desgaste da discussão.
Jade. says:
se vc me mandar esse link de novo eu atiro na sua cabeça
Marra Signoreli says:
mas hein, por que atirar na minha cabeça? o.o
Jade. says:
PORQUE VC ME MANDOU ESSE LINK DUZENTAS MIL VEZES
Marra Signoreli says:
eu descobri esse link ontem
pouco antes de dormir. o.o
Jade. says:
e me mandou!!!
eu multipliquei o numero de vezes que vc me mandou por cem mil, mas...
dá na mesma.
Marra Signoreli says:
você costuma atirar na cabeça das pessoas?
Jade. says:
às vezes, pra evitar o desgaste da discussão.
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