terça-feira, 5 de janeiro de 2010
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Casca grossa
Isso sim é cultura!
A matéria andante, gradualmente, se aproximava do destino. Entrando na estrutura cavernosa de barro e madeira, soltou um fragor feroz, despondo-se dos panos velhos:
- Ô menina, vai preparar um café pro seu pai. Não se demore.
Uma fêmea descarnada, de olhar perdido e curioso, de afeições anêmicas, se apresentou na sala. (que desempenhava, também, o papel de quarto. Dos quatro cômodos, um.)
Dispunha de um tecido cilíndrico, de peça única, que servia para tampar todas as vergonhas, parcimoniosamente.
Isso sim é racionamento!
A mocinha, feia, da cor da terra, piou, em uma voz frágil, ainda que humilhante, como se cobrasse algo do pai:
- Tem café não.
O homem, cansado, sentou-se ao chão e cuspiu um olhar de censura, continuando a livrar os pés, cheios de bolhas, do couro cáustico das botinas. A cunhãzinha se abateu e foi para a cozinha, se adestrar no trabalho que lhe seria comum ao resto da vida.
Isso sim é psicologia!
A mãe, que era vaidosa, passou, ágil, pelo cômodo, dispersando gotículas de água de cheiro. Carcomento-se de ódio, o marido perguntou:
- Onde você vai?
- No armazém.
- E precisa dessa arrumação toda?
- Ara... Eu que não ia sair de casa toda fedida.
- Você não vai a lugar nenhum.
- O quê?
- Você não vai a lugar nenhum. Tá me ouvindo? A senhora não tem nada o que fazer no armazém.
A menina torta surgiu outra vez e intrometeu-se:
- Precisa sim, pai. Falta jabá, café, arroz...
O pai murmurou consigo:
- Ô menina burra...
O homem meteu-lhe um tapa vigoroso. A menina, desastrada, voou ao chão, de rosto inchado, marcado pela mão rude do pai. Chorando, recolheu-se ao quintal de argila, que cultivavam de trás da casa. O marido mandou a mulher para o quarto. A broaca obedeceu. Já cogitando a intenção de pular a janela e seguir ao armazém. (Que armazém?)
Por um instante, o varão olhou para o chão, como em uma lástima. Mas elevou a fronte rapidamente. Chamou a menina.
- Cadê sua vó?
- Tá lá fora, batendo manteiga.
- Chama ela pra mim.
Entrou na casa uma senhora lenta, encanecida e enrugada, fatigada da vida.
Espremeu um som de fastio:
- Que é, castigo?
- Mãe, vá lá comprar jabá e fumo no armazém.
Disse, estendendo um molho de notas trigueiras. A velha apanhou as notas e retorquiu:
- Eu não criei menino pra me dar ordem nenhuma.
Ainda assim, seguiu ao comércio. Isso sim é política!
O varão pesquisou um apoio com as mãos e sentou-se na cadeira de palha. Acendeu um cigarro e a consciência segredou-lhe:
- És um homem maduro.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
2009
Toscano, o Esperançoso.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Algo sem prova
Felizmente, por enquanto, isso não implica ações reais mas: e se assumo mesmo esse pensamento na prática? , bem, deve ser impossível.
O pensamento, não devo ter justificado bem até agora, mas tenho certeza que vocês também tem ao menos uma pitada dele. Tenho uma forte intuição de que nada se justifica a não ser por outras justificativas injustificadas (ou seja, não verdadeiramente justificadas) ((mas o que é "verdadeiramente")).
Acho que esse pensamento deve ter origem(em mim) de quando eu era mais novo e ouvi falar pela primeira vez do Mito da Caverna. Mas o Mito da Caverna me parece obsoleto agora, sempre que se encontrasse a verdade, não há nada que as definam como verdade.
Penso que qualquer religião seja um resumo mal feito para esses questionamentos de por quê existem as coisas e por quê são regidas por leis(leis físicas por exemplo).
Por quê a parede, o chão, as forças parecem tão normal às pessoas em geral?
Cansaram de pensar e simplesmente aceitam como é?
to be continued...
sábado, 25 de outubro de 2008
Um cafezinho.
Eu fiz uma tradução da letra e mandei pro meu professor de francês corrigir, ele gentilmente corrigiu a tradução e me enviou sugestões. O resultado parcial (ou final), ficou esse aqui:
Pra começar bem
O meu diazinho
E me despertar
Eu tomei um cafezinho
Um arábico
Preto e reforçado
Botei minha jaqueta
E assim já posso ir.
”Aonde que você vai?”
Me grita a minha amada
”Tomemos um café
Acabei de me levantar”
Como estou adiantado
E mesmo forçando um pouco
Dou meia volta
E tomo outro café.
As quinze pras oito
Eu tenho que admitir
Os escritórios estão vazios
É capaz de me entediar,
Mas eu continuo calmo
Eu sei me adaptar
Enquanto os outros chegam
Tenho tempo pra um café.
O dia continua
Todos podem trabalhar
Ao menos até a hora
Da pausa pra um café
Minha secretária entra:
”Forte como você gosta:”
Ah linda, eu já tomei um
Mas já que ele está pronto...
No almoço de negócios
Pertinho do Santier
Está um dia ótimo
Mas eu me sinto estressado
Meus colegas sorrindo:
”Fica de boa, Renato
Fume um bom cigarro
E tome um cafezinho!”
No fim do intervalo
Meus colegas cansados
Chamam um táxi
Mas eu quero perambular
Por toda Paris!
Depois eu vejo uma cafeteria
E peço um descafeinado
Que seja recafeinado!
Eu volto ao escritório
Minha secretária me fala :
”O senhor está atrazadinho
Eu me preocupei!”
Que! – Eu a jogo pela janela
Ela bem que mereceu
De qualquer forma, é preciso que eu volte
Mas antes um café.
Esperando o metro
Eu fui agredido,
Uma velhinha me diz :
”O senhor tem horas, por favor?”
Que! – Eu lhe quebro a cabeça
E a jogo no trilho
Vou embora pra casa
E me sirvo um... adivinha?
”Papai, meu papai
Eu sou o primeiro da classe.”
Mas que merda?
Pare de me encher o saco!
Ô menino besta!
E além disso, fica chorando!
Eu me tranco na cozinha
Tem ainda um pouco de café!
Já faz catorze dias
Que eu estou trancado
Sozinho na minha cozinha
E eu bebo café
Eu precisava muito de dormir
Mas os tiras vão me pegar
Então eu preguei as portas
E tomei um outro café!
Café
pour Oldelaf & Monsieur D.
Album: L'album de la maturité
Pour bien commencer
Ma petite journée
Et me réveiller
Moi, j'ai pris un café
Un arabica
Noir et bien corsé
J'enfile ma parka
Ça y est je peux y aller
«Où est-ce que tu vas ?»
Me crie mon aimée
«Prenons un kawa
Je viens de me lever»
Étant en avance
Et un peu forcé
Je change de sens
Et reprends un café
A huit heures moins l'quart
Faut bien l'avouer
Les bureaux sont vides
On pourrait s'ennuyer
Mais je reste calme
Je sais m'adapter
Le temps qu'ils arrivent
J'ai l'temps pour un café
La journée s'emballe
Tout le monde peut bosser
Au moins jusqu'à l'heure
De la pause-café
Ma secrétaire entre :
«Fort comme vous l'aimez»
Ah mince, j'viens d'en prendre
Mais maintenant qu'il est fait...
Un repas d'affaire
Tout près du Sentier
Il fait un temps super
Mais je me sens stressé
Mes collègues se marrent :
«Détends-toi, René !
Prends un bon cigare
Et un p'tit café...»
Une fois fini
Mes collègues crevés
Appellent un taxi
Mais moi j'ai envie d'sauter
Je fais tout Paris
Puis je vois un troquet
J'commande un déca
Mais recaféiné
J'arrive au bureau
Ma secrétaire me fait :
«Vous êtes un peu en r'tard
Je me suis inquiétée»
Han ! - J'la jette par la f'nêtre
Elle l'avait bien cherché
T'façons faut qu'je rentre
Mais avant un café
Attendant l'métro
Je me fais agresser
Une p'tite vieille me dit :
«Vous avez l'heure s'il vous plaît ?»
Han - Je lui casse la tête
Et j'la pousse sur le quai
Je file à la maison
Et j'me sers un - devinez ?
«Papa, mon Papa,
En classe je suis premier»
Putain mais quoi ?
Tu vas arrêter de m'faire chier ?
Qu'il est con ce gosse !
En plus y s'met à chialer !
J'm'enferme dans la cuisine
Il reste un peu d'café
Ça fait quatorze jours
Que je suis enfermé
J'suis seul dans ma cuisine
Et je bois du café
Il faudrait bien qu'je dorme
Mais les flics vont m'choper
Alors je cloue les portes
Et j'reprends du café...
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Ciclos de Amizade e Amizades Cíclicas
ps1. o post original possui uma tirinha que eu retirei deste por achar que a tirinha não tinha muito a ver com esse blog.
ps2. onde estão os poetas que costumavam frequentar esta espelunca?
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Na vida real não há super-heróis
Na vida real não há uma segunda chance
Ninguém virá pra te salvar
Por que na vida real não há super-heróis
Ninguém vai entrar na frente da bala
Ninguém vai te segurar quando você cair
Ou chegar a tempo de te salvar do veneno
Por que na vida real não há super-heróis
Não há super-poderes, nem identidades secretas
Somos todos os vilões prestes a dominarmos o mundo
Precisamos é de heróis para nos salvar de nós mesmos
Por que na vida real não há super-heróis.
Guardiões da esperança ou salvadores da pátria
Na vida real não há super-heróis
Vingadores do mal ou homens de máscara
Na vida real não há super-heróis